Críticas a mudanças na validade de alimentos e crise do Pix desgastam governo Lula nas redes sociais
- Diogenes Régis
- 23 de jan.
- 2 min de leitura
Após a controvérsia sobre a fiscalização de transferências via Pix, o governo Lula (PT) enfrenta novas críticas, desta vez ligadas a uma proposta do setor supermercadista que sugeria alterar o formato das datas de validade de alimentos no Brasil. A medida, que sequer foi anunciada oficialmente pelo governo, foi amplamente explorada por opositores nas redes sociais, destacando as dificuldades da comunicação governamental em lidar com a oposição digital.

Contexto das críticas
A proposta, apresentada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), sugere substituir a data de validade dos produtos por uma indicação de consumo preferencial, o modelo “melhor consumir antes de...”, já utilizado em países como os Estados Unidos. Durante o programa Bom Dia, Ministro, da EBC, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, mencionou que algumas sugestões feitas pela rede de supermercados poderiam ser implementadas para combater a inflação dos alimentos.
O comentário foi suficiente para políticos da oposição, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), acusarem o governo de permitir a venda de alimentos vencidos. Frases como “A picanha não veio, e se vier, será podre” viralizaram, intensificando a pressão sobre o governo.
Reações e recuos
Assim como na polêmica sobre o Pix, o governo foi rápido em recuar diante da repercussão negativa. A nova diretriz de Lula exige que qualquer medida ou portaria de ministérios seja aprovada previamente pelo Palácio do Planalto para evitar confusões e críticas.
Mesmo assim, nomes como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aproveitaram para reforçar as críticas. “Se não fossem as redes sociais, o governo Lula poderia colocar alimentos vencidos no prato do povo brasileiro”, escreveu o senador, destacando a importância da oposição digital.
Desafios na comunicação
Especialistas apontam que a comunicação do governo Lula enfrenta sérias dificuldades. Daniel Dubosselard Zimmermann, professor da USP, afirma que a ausência de Lula nas redes sociais e a lentidão na resposta às críticas tornam a comunicação da esquerda menos efetiva. Ele compara a abordagem com a da direita, que cria narrativas rápidas e de fácil entendimento.
Por outro lado, o cientista político João Feres, da UERJ, destaca que a descentralização das comunicações governamentais contribui para os problemas. Cada ministério possui sua própria estratégia de divulgação, o que dificulta respostas unificadas e rápidas.
Mobilização para reagir
Como tentativa de melhorar a comunicação, o PT organizou uma plenária virtual com Sidônio Palmeira, publicitário recém-nomeado para a Secretaria de Comunicação (Secom), buscando alinhar estratégias e orientar a militância. Sidônio já enfrentou dois grandes desafios em menos de duas semanas no cargo: a crise do Pix e a polêmica sobre a validade dos alimentos.
Enquanto a oposição segue dominando as redes sociais, a base governista busca se reorganizar para evitar que novas narrativas negativas continuem desgastando a imagem do governo Lula.
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