O lançamento do chatbot chinês DeepSeek marcou uma reviravolta no setor de inteligência artificial, ultrapassando o ChatGPT em downloads nos Estados Unidos e causando um impacto significativo nas bolsas de valores. Com um modelo de baixo custo e alta eficiência, a novidade levantou questões sobre o domínio dos EUA no mercado de IA e trouxe comparações com o "momento Sputnik", um marco histórico da corrida espacial durante a Guerra Fria.

Uma ameaça ao domínio americano
Lançado em 20 de janeiro, mesmo dia da posse de Donald Trump, o DeepSeek rapidamente superou o ChatGPT em popularidade na App Store americana. Em uma semana, a novidade fez gigantes de tecnologia perderem cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado, ao se posicionar como uma alternativa mais barata aos modelos americanos de inteligência artificial.
O diferencial do DeepSeek está nos custos reduzidos de desenvolvimento. Enquanto empresas como OpenAI e Meta gastam bilhões de dólares para treinar seus modelos de IA, a startup chinesa investiu apenas US$ 6 milhões (cerca de R$ 35 milhões) no treinamento do seu chatbot. Essa economia foi alcançada utilizando apenas 2.000 chips de processamento, em comparação aos 16.000 chips usados por seus concorrentes americanos.
Apesar das restrições impostas pelos EUA em 2022 à exportação de chips avançados para a China, a DeepSeek demonstrou que é possível alcançar avanços notáveis com menos recursos, o que levanta dúvidas sobre a eficácia dessas medidas.
Impacto no mercado e reações globais
A chegada do DeepSeek gerou uma reação imediata. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou um investimento de US$ 65 bilhões (R$ 383 bilhões) em IA para 2025, enquanto Donald Trump apresentou o projeto Stargate, com aporte privado de até US$ 500 bilhões para construir infraestrutura de IA no Texas.
Por outro lado, investidores como Marc Andreessen e especialistas em tecnologia, como Alexandr Wang, apontaram o lançamento do DeepSeek como um alerta para os EUA. "O DeepSeek é um dos avanços mais impressionantes que eu já vi", afirmou Andreessen.
Desafios e limitações do DeepSeek
Embora tenha conquistado destaque, o DeepSeek não está isento de críticas. Analistas questionam se o investimento informado pela startup é realista e destacam limitações do modelo, como a incapacidade de processar e raciocinar sobre imagens, algo que seus rivais americanos já dominam.
Carlos Souza, diretor do ITS-RIO, observou que, mesmo com essas limitações, a China está mostrando avanços significativos em seu plano de alcançar supremacia tecnológica até 2030.

Um novo paradigma para a IA global
A eficiência do DeepSeek pode redefinir o mercado de IA, abrindo espaço para que países fora dos eixos EUA-China, como Europa e América Latina, desenvolvam soluções competitivas. Caso isso aconteça, grandes empresas do setor poderão enfrentar uma desvalorização ainda mais agressiva no futuro.
O feito chinês reforça a ideia de que a tecnologia será o principal motor da próxima Revolução Industrial, com implicações econômicas e geopolíticas profundas. O mundo observa com atenção, enquanto o "reloginho" da disputa pela supremacia tecnológica acelera.
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