Posse de Maduro em Meio a Crises e Controvérsias
- Diogenes Régis
- 10 de jan.
- 2 min de leitura

Nicolás Maduro tomou posse nesta sexta-feira (10) em Caracas, na sede da Assembleia Nacional. A cerimônia, presidida pelo líder chavista Jorge Rodríguez, encerra um processo eleitoral amplamente criticado por falta de transparência e repressão contra adversários políticos.
Apesar de reivindicações da oposição sobre a vitória de Edmundo González Urrutia, Maduro reforçou sua posição com a declaração: "Ninguém impõe um presidente à Venezuela." Durante o discurso, atacou opositores e criticou o presidente argentino Javier Milei, chamando-o de "sádico social."
Eleições Controversas e Cenário Internacional
As eleições presidenciais na Venezuela, realizadas em 28 de julho de 2024, ocorreram sob um cenário de obstáculos impostos à oposição. María Corina Machado, uma das principais adversárias de Maduro, teve sua candidatura barrada. Edmundo González, considerado uma surpresa na disputa, conseguiu se registrar, mas enfrentou diversas restrições.
Durante o pleito, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atrasou a divulgação dos resultados, alegando ataque hacker. O órgão, controlado pelo regime chavista, declarou Maduro vencedor com 51,2% dos votos, enquanto a oposição afirmou que González conquistou quase 70%, com base em atas eleitorais paralelas.
Organizações internacionais corroboraram os dados apresentados pela oposição, mas as atas oficiais permanecem sob sigilo, com a Suprema Corte venezuelana, também alinhada ao regime, validando a vitória de Maduro como "irreversível."
Protestos Violentos e Denúncias de Repressão
A proclamação da vitória de Maduro desencadeou protestos dentro e fora da Venezuela. Manifestantes enfrentaram repressão violenta, resultando em dezenas de mortes e milhares de detenções. Relatos de tortura e maus-tratos a presos políticos foram confirmados por organizações de direitos humanos e pela ONU, que classificou as ações do regime como crimes de lesa-humanidade.

Edmundo González: Do Exílio à Resistência
Após ser acusado de crimes como falsificação de documentos e incitação a atividades ilegais, Edmundo González buscou asilo na Espanha. Em declarações recentes, prometeu retornar à Venezuela e assumir a presidência, o que levou o regime a emitir ordens de captura e oferecer recompensas por sua prisão.
Isolamento Diplomático e Pressões Internacionais
O resultado das eleições aprofundou o isolamento diplomático de Maduro. Países como Estados Unidos, Espanha, Itália e Chile reconheceram González como presidente legítimo. O Brasil, que inicialmente mediou acordos para eleições democráticas, adotou postura neutra, aguardando mais esclarecimentos sobre as atas eleitorais.
Cerimônia de Posse Esvaziada
A posse de Maduro foi marcada pela ausência de líderes internacionais de peso. Apenas representantes de aliados tradicionais, como Cuba, Nicarágua, Rússia e China, participaram da cerimônia. O Brasil enviou a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira, mas reavaliou a decisão após novos ataques contra a oposição.
A solenidade deve contar com dois discursos de Maduro, enfatizando a continuidade de seu governo em um contexto de crescente oposição doméstica e internacional.
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